Este cenário assustador que estamos vivendo esta semana no Rio de Janeiro (à propósito, sou carioca) – com chuvas torrenciais, alagamentos sem precedentes e até arrastões oportunistas - me chamou atenção, mais uma vez, para o objeto deste blog: o futuro da moda. Sem dúvida, o comércio local sentirá o reflexo deste cenário na próxima semana. Hoje, uma amiga com duas lojas de roupa feminina (uma no Leblon e outra em Botafogo) me dizia que não havia vendido uma só peça de terça-feira para cá e que estava pessimista em relação aos próximos dias. É possível que as pessoas fiquem ainda mais retraídas, inseguras e desmotivadas por um tempinho. É uma espécie de trauma, de reflexão sobre a vida e neste momento qualquer item supérfluo é naturalmente deixado de lado. Ampliando o fato para proporções mundiais - com todas as catástrofes ambientais, crises sociais e financeiras que temos assistido e vivido – percebemos que o reflexo no comportamento das pessoas também tem dimensões mundiais. E especificamente em relação ao consumo de itens de moda, todos começam a se fazer perguntas do tipo: O que realmente eu preciso comprar ? Onde devo comprar ? Estes questionamentos vem gerando o seguinte comportamento no consumidor: compra-se, por exemplo, um vestido no verão e muda-se o visual dele no inverno com um casaco ou uma bota da estação. O novo consumidor é inteligente e estratégico. Não é uma questão de escolha, mas de sobrevivência.
Que as regras do jogo mudaram ninguém tem dúvida, mas o que tem feito a indústria da moda a esse respeito ? Em resposta, ela busca freneticamente pelo novo na esperança de seduzir os consumidores. Isto pode ser visto nas coleções cada vez mais antecipadas. Vendem casaco no verão e short no inverno. A mudança de estação virou uma forma de romantizar a moda e atrair pessoas para dentro da loja. Mas você já se perguntou o que motiva o cliente a escolher a sua marca em detrimento de outra com produtos muito semelhantes ? Melhor preço ? Mais qualidade ? Será que isso é suficiente ? Atrair o cliente pela lógica apenas (qualidade e preço) não é o bastante, pois antes de pagar qualquer valor (mesmo que baixo) por uma peça, ele vai se perguntar se realmente precisa daquela blusa, calça ou sapato. E na maioria das vezes a resposta será NÃO. A forma de motivá-lo precisa, então, ser mais profunda, deve-se acessar alguma coisa que nem o próprio cliente sabe o que é. Emocioná-lo a tal ponto que ele não seja capaz de resistir. Mas para tocá-lo na alma e surpreendê-lo é preciso conhecê-lo a fundo, um exercício diário feito através de pesquisas, contato direto no ponto de venda e através das mídias sociais, bloggers e twitter, ferramentas que já não podem mais ser deixadas de lado. Enquanto isso, destacamos uma característica geral que vem afetando e sensibilizando o comportamento das pessoas mundialmente e que vem a ser o mote deste post: a preocupação com o futuro do meio-ambiente.
Então, entre tantas estratégias e grandes “sacadas” de marketing que venho garimpando e mostrando neste blog, acho que esta semana é o momento de refletirmos sobre o eco-marketing. Que os recentes acontecimentos sirvam para abrir ainda mais os nossos olhos para questões como sustentabilidade, reciclagem e consumo ético ! É hora de usar a criatividade a favor do planeta e lançar, por exemplo, uma campanha de peças “exclusive” confeccionadas com reutilização de peças de coleções anteriores. Isto me fez lembrar da estilista franco-brasileira, Márcia de Carvalho, que colocou em prática, em Paris, onde vive há mais de quinze anos, o projeto sustentável CHAUSSETTES ORPHELINES(meias órfãs), onde costureiras da comunidade utilizam pés de meia “ófãos” para criar peças cheias de estilo e design. Vale à pena conhecer a iniciativa desta estilista e tomá-la como inspiração !
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Em matéria publicada recentemente pelo portal de notícias Carbono Brasil, o repórter Fabiano Ávila nos informa que "pelo segundo ano seguido, consumidores da Índia, Brasil e China foram os que mais se mostraram preocupados com questões ligadas ao meio ambiente quando compram um produto ou serviço, revelou a pesquisa Greendex 2009: Consumer Choice and the Environment - A Worldwide Tracking Survey, realizada pelo National Geographic Society e pela GlobeScan.
A pesquisa mediu o comportamento de 17 mil consumidores referente a 65 áreas relacionadas com habitação, alimentação, transporte e bens de consumo em 17 países.
Como em 2008, os países em desenvolvimento se saíram melhor, liderados pela Índia e Brasil. Europeus e japoneses apresentaram piores notas principalmente por causa do consumo de energia e da alimentação mais industrializada. Os norte-americanos terminaram o estudo em último lugar."
ORIGEM DA Foto: peças criadas pelo projeto "Meias Órfãs", retirada do blog oficial de Marcia de Carvalho
sexta-feira, 9 de abril de 2010
PARA PENSAR...
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